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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Vince Gironda - Iron Guru


 

Desta vez a postagem não é sobre um treinador de levantamento de peso ou sobre um atleta da modalidade. É sobre Vince Gironda, e acredito que algumas das ideias de Gironda possam ajudar no seu treino, ou pelo menos a pensar através de um outro ponto de vista.

Vincent "Vince" Anselmo Gironda (9 de Novembro de 1917 – 18 de Outubro de 1997) foi um fisiculturista norteamericano, autor e proprietário do Vince’s Gym. Pelos seus métodos, opiniões e inovações, muitas vezes à frente de seu tempo, Gironda ficou conhecido como “Iron Guru”. Polêmico e inovador, dedicou muitos anos de sua vida preparando artistas de Hollywood para estarem na melhor forma durante as filmagens, assim como também preparou famosos campeões de fisiculturismo.

Academia Easton Brothers, ainda em funcionamento, agora
com equipamentos de cardio que iriam irritar muito Gironda
Vince Gironda nasceu no Bronx, N.Y. e, ainda pequeno, sua família mudou-se para Los Angeles quando seu pai, que era dublê, conseguiu trabalho nas filmagens de Ben Hur. Vince também tentou ser dublê, mas, quando viu uma fotografia de John Grimek, percebeu que precisava aprimorar seu desenvolvimento físico e aos 22 anos começou a se exercitar com pesos. Treinou inicialmente na YMCA por cerca de 8 meses, e então mudou para a academia dos irmãos Easton. Em pouco tempo, Gironda já era um dos instrutores da academia. Trabalhando lá teve oportunidade de experimentar alguns protocolos de treinamento antes de abrir sua própria academia em North Hollywood, Califórnia, em 1948.
Vince's Gym na década de 1970
No fisiculturismo, Vince Gironda obteve o 4º lugar no Mr. USA 1950, 2º lugar no Mr. America 1951, 3º lugar no Mr. USA 1957 e, em 1962, com a idade de 44 anos, ficou em 2º lugar em sua categoria no Mr. Universo. 
Gironda muitas vezes dizia que desenvolvimento muscular é 85% nutrição. Ele também foi um dos primeiros defensores da dieta de baixo carboidrato e recomendava o uso de inúmeros suplementos, incluindo comprimidos de fígado dissecado, algas marinhas e enzimas digestivas.
Em determinadas circunstâncias, Gironda recomendava até 3 dúzias de ovos férteis por dia, juntamente com leite in natura (não pasteurizado). Grandes quantidades de ovos férteis, dizia ele, teriam a mesma eficácia que o esteróide anabolizante Dianabol, sem os riscos dos efeitos colaterais. Não existe nenhuma prova científica para esta teoria.

Ele tinha o que muitos consideram ideias não ortodoxas de treinamento. Por exemplo, ao contrário de muitos outros treinadores de fisiculturismo, ele não prescrevia agachamentos por trás para a maioria dos alunos do sexo masculino (seu ginásio não tinha cavaletes de agachamento), afirmando que o agachamento por trás causava um desenvolvimento muito grande dos músculos da região glútea e quadris em relação às coxas. A exceção seria o público feminino e em raros casos homens que realmente precisavam mais de desenvolvimento de glúteo e de quadril. Tipicamente, Gironda prescrevia Sissy squats, Hack squats, Agachamento pela Frente e um estilo especial de agachamento que ele chamou de Thigh squat para o desenvolvimento da coxa. Além disso, ele foi um dos poucos na musculação a comentar que os exercícios abdominais mais comuns que são executados não contribuem para o desenvolvimento dos músculos abdominais.
O exercício Gironda dips. Repare as
sutilezas que fazem a diferença:
a posição da mão e o quadril na
vertical para as pernas ficarem
para a frente, não para trás

Gironda também era contra o uso do supino reto para desenvolver a musculatura peitoral, pois considerava um exercício inferior e ineficaz; em seu lugar ele indicava o supino no pescoço, com uma distância das mãos bem espaçada e a barra é abaixada até o pescoço, ao invés de ser até o peito. Ele também considerava um exercício chamado “Gironda dips” (mergulho na paralela ou na "V-bar") o melhor desenvolvedor geral de peitorais (poderia ser considerado equivalente ao supino canadense). Segundo Gironda, peitorais masculinos deviam ter forma de leque, e não de balão.
Com Larry Scott, seu melhor discípulo

Na década de 1960, a reputação de Vince cresceu como treinador e seus alunos ganharam todas as competições importantes. O mais conhecido foi Larry Scott, vencedor do primeiro Mr. Olympia em 1965. Outros fisiculturistas que treinaram na Academia de Vince ao longo dos anos em algum momento de suas carreiras incluem: Mohamed Makkawy, Bill Pettis, Monty Wolford, Bill Smith, Rick Wayne, Jake Steinfeld (“Body by Jake”), Lou Ferrigno ("O Incrível Hulk"), Sergio Oliva, Frank Zane, Dave Draper, Don Howorth e Arnold Schwarzenegger. Gironda passou a ser conhecido como “Iron Guru”, nome dado por Denie Walter, editor e fotojornalista das revistas Flex e Muscle Training Illustrated.

 

Gironda afirmava ser capaz de colocar uma pessoa em forma mais rápido do que qualquer outro. Os estúdios de cinema enviavam seus atores e atrizes para serem treinados por ele por esse motivo. Uma pequena lista de estrelas que treinaram no ginásio de Vince: Robert Blake, Cher, Clint Eastwood, David Carradine, Jeff Goldblum, Denzel Washington, James Garner, Brian Keith, Tommy Chong (de Cheech & Chong), e Erik Estrada.

Na década de 1970, Vince escreveu inúmeros artigos para a revista Iron Man, gerenciava seus negócios de cursos pelo correio, lançou uma linha de suplementos de nutrição e escrevia seus próprios manuais de treinamento e nutrição, e ainda mantinha seu ginásio.

Dave Draper com a camiseta do Vince's Gym
Na década de 1980, publicou um livro com a colaboração de Robert Kennedy, editor da MuscleMag International, intitulado "Unleashing the Wild Physique", onde havia toneladas de conhecimento que Vince reuniu e testou ao longo de 30 anos. O lançamento do livro foi acompanhado por uma turnê por todos os EUA e Canadá com seminários do Iron Guru que sempre tinham a plateia lotada.

Em 1990, a crescente popularidade das redes de academias (que particularmente tratamos como “academias fast food”) muito bem equipadas com considerável apelo de massa e o surgimento de inúmeros “personal trainers das estrelas” tornou difícil a sobrevivência dos ginásios simples, e o ginásio de Vince fechou em novembro de 1995. Um fator que contribuiu para o fechamento foi o problema de saúde do filho de Gironda. Isso também minou sua energia e sua motivação para levar o trabalho adiante.

Gironda faleceu em 18 de Outubro de 1997 em Ventura County, a menos de um mês de completar 80 anos.

Vince Gironda era tão anti-cardio, que literalmente expulsava qualquer um de sua academia que mencionasse a palavra "corrida". Sem brincadeira! Naquela época, a corrida estava se tornando popular, e para Vince isso era simplesmente impensável para alguém que queria queimar gordura e construir músculo ao mesmo tempo. Hoje ainda existem muitos que ecoam os mesmos sentimentos de Vince... mais do que você possa acreditar.

Não tinha música tocando no Vince's Gym (talvez esta seja a única coisa em comum entre Gironda e Joe Gold, fundador do Gold's Gym original). Segundo Gironda, música atrapalha a concentração nos exercícios e os gostos musicais são diferentes, sendo agradável para alguns e irritante para outros. Resumindo: música é para academias com aulas de ginástica.
  
Duas imagens do Vince's Gym: poucos espelhos, nenhum cromado e nenhuma música
Barras e anilhas são parte da antiga cultura do halterofilismo. A máquina seria o futuro. Vince Gironda dizia: “a barra parece idiota, mas você tem que ser inteligente para usá-la.”

O banco de rosca apoiada (preacher curl) foi inventado na academia dos irmãos Easton onde Gironda começou a trabalhar antes de abrir a própria academia. Gironda sempre prescreveu este exercício, que funcionou tão bem para Larry Scott, que o exercício também é chamado de “Scott Curl” (Rosca Scott, é assim mesmo que se escreve).

Ele também era 100% contra o uso de esteroides (antes que alguém comente que “havia uns caras bombados”: Gironda criticava o uso mas não tinha como proibir, isso é escolha de cada um) e acreditava que treinar cada grupo muscular apenas uma vez por semana servia apenas para atletas “bombados”. 

Joe Weider (falecido em 23 de Março de 2013) visitando
O Vince's Gym na década de 80
Até os programas de treino para iniciantes de Vince eram controversos, mas eles foram planejados para transformar o corpo no menor tempo possível. Como a maioria de suas teorias, é controverso mas funciona.

Quando Arnold Schwarzenegger conheceu Vince e se apresentou como Mr. Universo, Vince respondeu: "E daí? Estou vendo mais um cara gordo de m**** na minha frente". Mas depois desse “educado” primeiro contato, se tornaram amigos. Seu aluno mais famoso, Larry Scott, fala bastante sobre Gironda em seu livro Loaded Gun, inclusive o seguinte: 
"Eu aprendi muito com Vince sobre treino, pose, nutrição, e absolutamente nada sobre boas maneiras."

Além de ser um treinador incrível, Gironda era alguém que praticava o que pregava e era conhecido por sua simetria e musculosidade. De qualquer coisa que você possa pensar de Gironda, é de admirar a longevidade de seu trabalho.

Alguns “Mandamentos de Vince Gironda”:
1) Obtenha o sono suficiente a cada noite. O crescimento só pode acontecer após a recuperação. Descanse bastante.
2) Tenha entusiasmo para executar cada treino. Apenas se movimentar como se fosse para se livrar dos exercícios não produzirá resultados. Seria melhor não ter ido treinar.
3) Divida seu treino. Nunca faça hoje o que você não poderá ultrapassar amanhã. Não acrescente mais exercícios ou maior intensidade do que o necessário para que seja mantido um padrão de crescimento ascendente.
4) Nunca prolongue um treino até esgotar toda a energia antes do final. Trabalhe os músculos e não sobrecarregue seus nervos. Treinar até a exaustão irá resultar em perda de músculos.
5) Faça descansos ocasionais sem treinar. Você sobe para um novo patamar se o corpo estiver descansado e bem disposto. Planeje seus dias de descanso sem que eles sejam resultado da preguiça.
6) Não se esqueça da importância da dieta. Dieta é o principal fator para o sucesso do ganho muscular.
7) Repare em seu nível de estresse. Estresse é um dos maiores inimigos, pois altera totalmente o organismo e o estado mental, fazendo com que sua evolução possa estagnar ou mesmo reverter.

Não há nada nessa lista que seja novidade, mas todos esquecem e precisam constantemente de lembretes. De vez em quando perde-se o foco e o que realmente importa quando se trata de produzir resultados. Todos são culpados por nunca conseguir dormir o suficiente. Às vezes também treina-se por muitas semanas seguidas em alta intensidade sem uma semana de treino leve ou de descanso, outro grande erro que pode acabar com o seu progresso. Muitos aprendem isso da maneira mais difícil: entrando em overtraining. Importante descansar a cada 4 ou 12 semanas (dependendo da idade, do volume de treino e de alguns outros fatores), caso contrário você terá atingido um platô e começará a ficar mais fraco e possivelmente vai ter uma contusão.

Por estas e outras, Vince estava à frente de seu tempo e tinha tantas ideias consideradas únicas e inovadoras nos anos 60, que continuam atuais após 50 anos.

Algumas frases e conceitos do Iron Guru:

- Sobre Proteínas:

“Se você separar a clara e a gema do ovo, você obterá uma proteína isolada. Toda vez que você separar a proteína da gordura, você obtém um alimento incompleto. No caso do ovo, você ainda vai perder vários nutrientes importantes.”

“Vejo produtos com doses de 45 ou 50 gramas de proteína, e penso: "Oh meu Deus! Você não pode digerir toda essa proteína a menos que tome quantidades extras de enzimas digestivas e ácido clorídrico.”  Se você é do sexo masculino, 30 a 35 gramas é tudo o que você pode digerir em uma refeição. Para a mulher, 25 gramas.  Proteínas não digeridas são convertidas em açúcar. Comercialmente, soa bem, mas é apenas um jogo de superioridade entre empresas de suplementação. Uma empresa diz, "Nós temos 25 gramas de proteína." O próximo diz, "Bem, temos 35". E assim por diante... É apenas uma jogada de marketing.”

- Sobre Carboidratos e Gorduras:

“Os vegetarianos, os corredores e muitas pessoas acreditam que as gorduras irão matá-lo. Em seguida, eles tentarão convencê-lo a tornar-se um comedor de hidratos de carbono. Todos os corredores de longa distância e ciclistas amam os hidratos de carbono e têm verdadeiro pavor de gorduras. Essas pessoas são educadas nas virtudes dos hidratos de carbono, que carboidratos vão lhe dar muita energia. A maioria das pessoas simplesmente não sabe, e eu estou falando cerca de 85% da população, que as gorduras de qualquer natureza produzem cerca de duas vezes mais energia que os carboidratos. Quando eu digo qualquer tipo de gordura, quero dizer qualquer tipo de gordura boa. Gorduras como fonte de energia diferem do açúcar porque carboidratos nunca ajudam a produzir músculos. Carboidratos em excesso produzem gordura.”

“É verdade que hidratos de carbono fazem um monte de outras coisas incluindo arruinar a saúde. A América está se tornando uma nação de comedores de carboidratos e por isso nós somos a nação mais doente e mais gorda do mundo.”

“Eu encontrei uma dieta que realmente me SUSTENTA. Sustenta com um mínimo de alimento. Eu estava em um equilíbrio positivo de nitrogênio e precisava de uma fonte de energia que durasse mais do que uma hora e meia, que durasse 6 horas - que é a gordura. Existem algumas experiências centenárias com gorduras e eu acho que você poderia dizer que vou mergulhar no mundo dos desavisados. Talvez eu deva consumir um litro de banha todos os dias e, em seguida, alguém faça testes de colesterol e triglicérides, ha, ha. Existem algumas práticas nutricionais fascinantes que Emil Bonnet (bodybuilder) me apresentou anos atrás. Ele viu uma apresentação de paradistas (especialistas na arte de parada de mãos) Europeus fantasticamente desenvolvidos que pareciam halterofilistas. Admirado, Bonnet foi até os bastidores para falar com esses artistas. Ele observou-os bebendo banha! Meu Deus! Pritikin (Nathan Pritikin, autor de livro sobre dieta) se ouvisse isso, viria aqui com um exército para nos prender! O primeiro a me ensinar levantamento de peso nos anos 50 foi um refugiado húngaro que comia sanduíches de banha. Eu pensei que era uma herança dos tempos difíceis, mas sua família estava trabalhando e ele tinha uma vida razoavelmente boa no sul da Califórnia e não viviam em um gueto. Perguntei-lhe sobre isso de comer banha, talvez fossem velhos hábitos, mas não era nada disso. Ele era um excelente atleta e tornou-se um dos mais jovens tenistas profissionais do Estado. Sim. Eu acreditei. Parece difícil de acreditar. Considero as outras coisas que ingerimos mais a falta de exercício que confundem a nossa visão da forma que utilizamos as gorduras. Pritikin não tem braços com 48cm de diâmetro. Ele senta-se em frente ao computador e não testou sua fórmula de dieta. O computador calculou as fórmulas, e é tudo apenas teoria.”

“Lembre-se que o cérebro é cerca de 80 por cento colesterol. A maior parte da composição do cérebro é colesterol. Você não pode regenerar o hormônio masculino sem colesterol. Bem importante para fisiculturistas e levantadores de peso, hein? Mais uma vez - e eu já disse isso tantas vezes - colesterol não é o culpado! Vejo que muitos médicos estão agora começando a concordar comigo. Eles devem ter lido algumas matérias minhas na revista Iron Man nestas últimas décadas! Às vezes me pergunto se revistas como a Iron Man e outras do gênero contêm mais esclarecimentos para a saúde do que o informativo da AMA (Associação Médica Americana).”

“Digamos que “a culpa é dos triglicerídeos”. O problema reside no "transporte"? Pergunto: Quem são as pessoas que estão tendo problemas? A grande maioria são pessoas que estão inativas! Especialmente aquelas que nunca foram "ativas". Eu já vendi vitaminas para pessoas que nunca experimentaram tomar uma vitamina na vida! Difícil de acreditar nos dias de hoje. Nunca tomou uma vitamina? Então você pode imaginar o que vai encontrar andando por aí, no que diz respeito ao estado geral de saúde. A maioria não sabe o que é uma boa refeição. Muitas pessoas são naturalmente hipertensas devido à má alimentação. Elas são propensas a tudo: doença cardíaca, artrite etc. O que é doença? É um colapso de todo o organismo. Vamos colocar essas pessoas em boa saúde geral novamente – então, podemos tratar seus elos fracos. Antes de prescrever qualquer coisa - recuperá-los para estar em boa saúde geral. Pelo menos, tanto o quanto possível, e que seja a tempo.”
 – Vince Gironda 
                                                                                                                        Jorge Califrer

sábado, 6 de abril de 2013

AGACHAMENTO – O REI DOS EXERCÍCIOS

Anatoly Pisarenko

Alguns têm medo ou preguiça de realizar o exercício, existem tabus e preconceitos, mas é um movimento natural que o Ser Humano sempre executou ao longo da História. Tantas gerações agachando, e hoje a maioria se esqueceu.
John Grimek
Aprender a agachar é importante e é um dos exercícios básicos para praticamente toda a população que possua membros inferiores. Durante o aprendizado, é interessante executar o movimento com um bastão, até ter confiança de utilizar a barra, e a progressão de pesos deve ser bem acompanhada. Mas em pouco tempo você vai se surpreender com a carga que estará conseguindo levantar.
David Riegert (descalço) em um momento de lazer
QUER TER GLÚTEOS BEM TRABALHADOS? FAÇA AGACHAMENTO, É GARANTIDO!!!
A quantidade de músculos envolvidos é muito maior do que você possa imaginar, pois além dos músculos mais “visíveis”, que seriam os dos membros inferiores – quadríceps, glúteos  e bíceps femoral - , há todo um trabalho de sustentação com abdome e musculatura lombar, além das centenas de músculos que ajudam a coluna a se manter estável.

Os benefícios dos agachamentos são máximos, eu sei que é um dos exercícios em que muitos fogem dele na série, mas se você está disposto a modificar seu organismo e ficar cada vez mais jovem, AGACHE ATÉ O CHÃO!

Vamos reaprender a agachar?
  
Tommy Kono elaborou a análise acima sobre a posição correta e os erros mais comuns no agachamento 
    • Execução do agachamento por trás: barra ou bastão no cavalete alto, acostume-se a “entrar” embaixo da barra e acomodá-la fora da linha da coluna cervical, nunca em cima da coluna, mas apoiada em suas “carnes”, onde na verdade é o músculo trapézio, em uma altura média onde seja distribuída a barra em seus ombros.
    • Dê um passo só para se afastar do cavalete e mantenha o corpo firme iniciando a descida e – aí existem preferências e a primeira é mais usada: inspire enquanto desce e expire enquanto sobe. Quem é mais acostumado com agachamentos também executa da seguinte forma, que necessita de um pouco de habilidade: inspirar antes de iniciar a descida e expirar ao subir.
    • Ao executar toda a série, devolva a barra ao cavalete da mesma forma que a pegou, dando um passo. Mesmo que a barra ou mesmo o bastão estejam leves e você consiga levar ao cavalete só com as mãos. Isso vai ajudar o corpo a tornar o movimento de colocação e retirada do cavalete ser  um reflexo automático.
    • No início talvez haja alguma insegurança em ir tão baixo, mas em pouco tempo a sensação muda e, se por acaso tiver muita dificuldade em agachar no início, coloque um calço no calcanhar – nas academias normalmente sempre existe uma ripa de madeira para este fim – mas quando puder, e se for possível, deixe de lado o uso do calço ou use-o numa altura menor, pois o uso constante de um calço mais alto do que o necessário faz projetar muito a patela (osso do joelho, rótula), e o efeito então será tão nocivo quanto usar salto alto para descer uma ladeira.  
Muitos profissionais preguiçosos ou desconhecedores do movimento se recusam a ensinar o agachamento, dizendo ser algo danoso, mas na verdade o profissional que vê este exercício como algo danoso, é total desconhecedor. E se desconhece a importância do agachamento, que é um movimento natural, imagine o que pensa sobre outros exercícios! Fuja destes “profissionais”, ainda mais na época atual em que proliferam “entendidos” em exercício com peso que nunca vivenciaram nada (e não importa o grau de instrução ou certificação do sujeito, lembre-se bem deste detalhe). 

Sem querer baixar o nível do vocabulário utilizado aqui no blog, preciso confessar que me incomoda a quantidade de "frango" (desculpem, não tem outro termo) que utiliza termos técnicos aprendidos ou decorados no último seminário que frequentou, para impressionar os alunos! Em muitos casos, é muita teoria para pouca prática. É muita prevenção para pouca execução! E um "frango" quando aumenta de tamanho, continua sendo um galináceo e pode se transformar no máximo em um "chester".  Nunca vai virar uma Águia ou outra ave de rapina.  



Tabus sobre o agachamento: 

  • Em certas academias é proibido alegando ser "nocivo para as articulações"; 
  • Alguns "entendidos" exigem que se coloque um calço sob o calcanhar e obrigam ao uso do cinto (sobre o uso do cinto: aqui no blog tem uma matéria: http://brazilianweightlifting.blogspot.com.br/2013/01/coluna-vertebral-e-o-uso-do-cinto-o.html , alegando uma "segurança" extremamente falsa, pois normalmente o mesmo profissional que obriga o aluno a usar o cinto esquece de indicar exercícios para fortalecer a musculatura lombar e paravertebral!; 
  • Medo e desconhecimento levam a aconselhar sua execução em aparelhos, como o Smith. 
  • Orientam a pessoa a executar o movimento até a coxa ficar paralela ao chão ou até o joelho ficar na linha do pé, alegando que "se flexionar demais, o joelho vai sofrer..." 
  • Outros “entendidos no assunto” que aproveitam para “ajudar”, abraçando o aluno (ou a aluna) para subir e para descer.

Como surgiram estes (pre)conceitos? Em 1960, um “pesquisador” apresentou um trabalho condenando o agachamento até embaixo, mostrando em modelo mecânico que a estrutura do joelho ficaria comprometida ao flexionar-se mais abaixo do que com a coxa em paralelo ao chão (1/2 agachamento). Aí a confusão estava formada e a propaganda de boca em boca que o agachamento era danoso estava a todo vapor. Só em 1964 um grupo ligado à pesquisa séria, contesta a teoria anterior, apresentando em modelo anatômico que – acreditem – o contrário acontecia e (vamos falar de uma forma que todos entendam): Ao agachar até embaixo a estrutura do joelho se “amarra” de forma que fica mais forte e consegue-se manter ainda a flexibilidade. Esta é a verdade, mas o tabu e preconceito contra o agachamento a fundo já tinha sido disseminado. 
Por outro lado, se fizermos SEMPRE a execução com a parada no 1/2 agachamento, acontecerá uma maior chance de haver lesão e as estruturas envolvidas (músculos, tendões, ligamentos, cápsulas articulares, cartilagens) não estarão sendo fortalecidas devidamente. Grifei "sempre" por sabermos que as competições de powerlifting considera como válido o agachamento que ultrapasse o "paralelo" da coxa com o chão sem precisar ir a fundo, e os competidores treinam para ter sua melhor performance nesta amplitude do movimento. Certo, só que isso não quer dizer que os competidores treinem sempre e somente até esta altura, e um treinamento bem planejado logicamente irá incluir os agachamentos a fundo para que as estruturas envolvidas e já comentadas aqui se beneficiem para que o agachamento "de competição" também seja beneficiado.       

Existe uma dezena de agachamentos conhecidamente eficazes, alguns deles meio estranhos, mas com uma utilidade fantástica no ganho de força, resistência e forma de membros inferiores e principalmente para as mulheres garante glúteos firmes e bem modelados. 

Algumas Variações de Agachamentos com pesos livres (barra, halteres ou kettlebell):

- Pela Frente (segurando a barra apoiada nos ombros ou com os braços cruzados): 
Agachamento pela frente com os braços cruzados
(Dave Draper)


Agachamento pela frente segurando 

a barra é similar ao primeiro tempo 

do arremesso (em squat)
                          (Kendrick Ferris) 



Barra Acima da Cabeça (Overhead Squat), executa-se como o final do arranco: 

Akakios Kakhiashvilis de sandálias




Hack Squat


Executa-se o Hack Squat segurando a Barra Atrás do Corpo; ao descer, se for necessário, tirar os calcanhares do chão. Este é o verdadeiro Hack Squat, que inspirou os aparelhos de Hack Machine – a propósito, não é “Rack Machine”, pois alguns dizem que “Hack” é abreviatura em homenagem ao George Hackenschmidt, que divulgou este exercício em seu livro “The Way to Live” (imagem ao lado:


Jefferson Lift ou Straddle Lift: com a Barra Entre as Pernas, uma das mãos na frente e outra atrás do corpo  - este é incômodo e faz com que a coluna sofra uma certa força de rotação a ser compensada. É melhor deixar este para os especialistas. 

Com a barra nos cotovelos (Zercher Lift):

























- Sissy Squat (segurando um apoio fixo, agachar o corpo na ponta do pé): neste não se vai até embaixo, vai até onde for possível:
Tom Platz, "Mr. Legs" executando o Sissy Squat
Outras opções de agachamento:
- Agachamento Búlgaro (unilateral, segurando um halter em cada mão com os braços estendidos ao lado do corpo, com a perna de trás apoiada em um plano mais alto).

- Frog Squat (sem pesos, com as mãos unidas “rezando” na altura do peito e cotovelos fios na parte interna dos joelhos.

- Segurando 1 Halter na frente do corpo (também pode conjugar mais um exercício, fazendo a elevação frontal do peso na subida).

- Com 2 Halteres Ao Lado do Corpo (também pode conjugar mais um exercício, fazendo elevação lateral dos braços na subida).


Em Aparelhos:

Existem alguns aparelhos para execução do agachamento ou pelo menos parte dele, como: Hack Machine, Smith Machine, Horizontal Squat, etc. Nestes aparelhos, embora ofereçam uma certa sensação de segurança, tornam o movimento e o desempenho limitados pelo fato do movimento não acompanhar o balanço natural, curvatura ou arco em que se faz o movimento quando executado com o peso livre. A desvantagem é que o peso “anda sobre trilhos”, forçando posição da coluna não tão natural quanto no movimento livre e fora do aparelho e perde-se a vantagem de desenvolver a “propriocepção”, ou seja: a noção de onde o corpo está ocupando no espaço e a noção de retificação de ponto de equilíbrio, valências físicas extremamente importantes. 

Um equipamento em que se usa a barra com mais liberdade é o Suporte Isométrico ou Gaiola. Neste aparelho, além das contrações sem movimento, pode-se executar o movimento na parte em que você se sinta mais fraco, regulando o movimento para a amplitude desejada, seja mais alto ou mais baixo, ajudando no aumento da potência no exercício.

Bons Treinos!

                                                                                                                                   Jorge Califrer - Treinador